Na Caixa, boa parte do adoecimento está relacionado ao trabalho

O Dia Mundial da Saúde, comemorado em 7 de abril, deve servir para reflexão. Sobretudo à direção da Caixa. Pesquisa feita pela Fenae revela que 42% dos empregados do banco estão com problemas de saúde relacionados à atividade que desempenha na empresa. Desse contingente, 75% são doenças de cunho psicológico. Os índices podem ser ainda maiores, já que muita gente tem medo de expor. Outros estão doentes e nem sabem.

O cenário é crítico. O alerta é dado pela pesquisadora e doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, Fernanda Duarte, que participou do levantamento, que destaca que o adoecimento mental tem uma presença muito predominante. Ela ainda chama atenção para a "medicalização" de conflitos sociais e a individualização no tratamento de um problema que é de relação no trabalho.

"A gente tem a preocupação em diagnosticar transtornos, mas não necessariamente entender fatores sociais que estão relacionados à iminência desses transtornos. Uma coisa é a gente falar que está cheio de gente deprimida no banco, outra é entender que estes fatores estão relacionados com o banco. E tem em muito a ver", avalia.

Em um recorte, 34% dos empregados informaram que fazem ou fizeram acompanhamento psiquiátrico. Destes, 65% afirmaram que a procura foi motivada por questões profissionais. Dos 47% que realizam ou realizaram acompanhamento com psicólogo, 49% foram, também, por motivos relacionados à Caixa.

Não é só isso. Os dados da pesquisa mostram que o adoecimento mental é a principal causa de afastamento por licença médica. No ano passado, entre os 6% de bancários afastados, 33% tinham diagnóstico de depressão, 26% de ansiedade, 13% de síndrome de Burnout e 11% de Síndrome do Pânico.

Assédio moral

O levantamento comprova o que as entidades alertam há muito tempo. A atual forma de gestão da Caixa, baseada em cobranças excessivas e pressão que, muitas vezes, chegam ao assédio moral é a principal causa do adoecimento mental.

Redação AGECEF/BA