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Sob forte estresse

Com quase 2,5 milhões de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus no país e cerca de 90 mil mortes, a situação dos empregados da Caixa está cada vez mais crítica. De casa ou nas agências, os bancários trabalham extremamente sobrecarregados, sob forte estresse e cobrança. Para os gerentes, o cenário é ainda mais alarmante. As metas em plena pandemia, o assédio moral e a jornada que ultrapassa 12 horas facilmente comprometem a saúde física e mental.

Para completar, os que estão nas unidades têm grande exposição à Covid-19, em decorrência da alta procura pelo auxílio emergencial – mais de 50 milhões de brasileiros atingidos pela crise sanitária solicitaram o benefício. O caos é inevitável. Há também a carga emocional. São muitos os relatos de empregados extremante exaustos, que após um dia de trabalho choram em casa por conta da alta cobrança da direção da Caixa e recorrem a medicamentos controlados para conseguir um “falso relaxamento”.

Os bancários que atuam na linha de frente, antes de abrir as unidades, às 8h, precisam demarcar o chão – muitas vezes tiram do próprio bolso a tinta -, organizar as filas, distribuir senhas, tirar fotos e ainda dar conta de explicar à população o confuso calendário de pagamento definido pelo banco. Se falta EPI, o gerente geral precisa se virar e providenciar. Paralelamente, são cobrados via WhatsApp para realizarem bem a gestão. Fora as reuniões depois de um longo dia de trabalho.

A rotina não é mais fácil para quem está em home office. Há uma enorme dificuldade de se desligar do trabalho, até porque a empresa não deixa. As atividades começam bem cedo, muito antes do horário habitual e não tem hora para acabar. A pressão pelas respostas instantâneas é absurda e muitos têm de ficar online, à disposição por mais de 12 horas. Até parar para almoçar ou ir ao banheiro é mais difícil do que se tivesse na agência. A sensação é de estar sendo vigiado 24 horas por dia, de domingo a domingo.

O estresse e a fadiga crônica que os empregados da Caixa estão sendo submetidos durante a pandemia seja nas agências ou no home office, muitas vezes faz com que cheguem ao grau máximo da exaustão. Embora o quadro seja grave e mereça atenção total do banco, na prática, não há uma real preocupação com a saúde do trabalhador.

Entre os que seguem prestando atendimento nas unidades, há um descaso também com as questões ligadas ao coronavírus e eles não só são impedidos de exercer a única proteção melhor definida até o momento: o isolamento social, como também são os únicos do setor a realizar o pagamento do auxílio emergencial. Se a iniciativa fosse descentralizada para outros bancos, o cenário seria bem diferente. Veja a seguir relatos verídicos de quem está à beira do limite.

EFEITO DOMINÓ________________________________

“A SEV cobra o cumprimento das metas por meio de lives e mensagens diárias no WhatsApp e o gerente geral repassa essa cobrança. A impressão que eu tenho é que não estamos pagando auxílio emergencial e nem estamos em um período de pandemia.

A cobrança agora é com relação a horas extras, o que é controverso. Se a gente tem de atender a demanda do auxílio emergencial e continuar dando resultado no comercial com quantidade limitada de empregados, como vamos ficar sem fazer horas extras?

Também há uma divergência entre o discurso do superintendente de varejo e a ação da equipe dele. O SEV cobra celeridade e diligência, mas a equipe (também sobrecarregada) não consegue dar a devida vazão às demandas que lhe são encaminhadas e dependem de aprovação. Hoje, você tem de esperar muito mais tempo por uma autorização da SEV do que esperada quando essa autorização era dada pela SR, o que desgasta nosso relacionamento com o cliente”.

CONTROLE 24 HORAS_____________________________

“Começamos a receber e-mail ainda cedo. Se eu logar 6h tenho serviço, se logar 21h tenho serviço. A quantidade de tarefas simultâneas é surreal. Temos de fazer todas as atividades laborais, correr atrás das metas e ainda ficar com o WhatsApp Caixa aberto de 10h às 16h para receber os pedidos dos clientes. Além disso, recebemos e-mail dos clientes para resolver pendências. Atendemos demandas dos correspondentes, de corretor e da agência. É surreal, porque quem está em home office ainda tem um porém: como não batemos ponto, ficamos à disposição da empresa praticamente 24 horas. Tem horas que é tanta coisa que cobram que trabalho até 20h/21h. Muita cobrança de metas e total controle sobre a gente”.

TRAGÉDIA DIÁRIA_______________________________

“Já dizia um antigo professor meu: "Se você chega no trabalho já pensando na hora de sair, se você começa a semana torcendo para que chegue a sexta-feira e se você não para de pensar nas férias é sinal de que tem algo muito errado no trabalho". É assim que estou durante a pandemia. O gerente geral tem de chegar cedo nas unidades para realizar recepção qualificada, distribuir senhas, tirar fotos, pelo menos três vezes no dia e enviar para a SEV, preencher 1001 formulários, verificar e trocar todos os dias Caixa Informa... isso só para começar o dia e sem tirar qualquer uma das atribuições que sempre teve, como fazer gestão de pessoas, gerir as atividades para o atendimento às demandas por vários calendários de diversos auxílios e benefícios. Tudo isso ainda tendo de corresponder às metas que, insensivelmente, retornaram um junho para cumprimento em plena pandemia.

É surreal. Temos de trabalhar desde cedo (antes das 8h) até muitas vezes às 20h em jornadas extenuantes e ainda somos cobrados pelas horas extras realizadas. Não veem que essa matemática não fecha?

E todo dia tem vídeo reunião, todo dia tem aperto, e quase sempre o discurso usa tom ameaçador. Onde iremos parar com tanta falta de sensibilidade sendo reproduzida?

E ainda tem os canais parceiros...os gerentes gerais acumularam as atribuições dos antigos gerentes de canais e sem perder qualquer atribuição, ou seja, são dois profissionais pelo preço de um. Por isso não há mais satisfação em se trabalhar, não há paz no trabalho e ainda temos de ter entusiasmo e inspirar motivação na equipe. O que vivemos é uma verdadeira tragédia diária, infelizmente”.

Redação AGECEF/BA

 

 

 

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