Teletrabalho gera mais casos de assédio moral

O trabalho remoto, uma das medidas adotadas pelos bancos para combater a disseminação do novo coronavírus, ampliou as cobranças, metas e o assédio moral. Milhares de bancários trabalham nos finais de semana e feriados. As cobranças também não têm hora para chegar. Não importa se está dentro da jornada de trabalho. Na Caixa não é diferente.

Os dados confirmam. Uma pesquisa sobre o home office, realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e apresentada na 22ª Conferência Nacional dos Bancários no último fim de semana, revela que 35,6% dos bancários estão trabalhando além da jornada. Desse universo, 26% não estão recebendo hora extra e não participam do banco de horas.

Do total dos bancários que estão em teletrabalho, 36% afirmam ser mais difícil o cumprimento de metas e a comunicação com outras áreas. Não para por aí. Segundo o levantamento, as cobranças e demandas de atividades a serem exercidas chegam a qualquer hora do dia, através de e-mails, mensagens em aplicativos e ligações.

Na Caixa, no entanto, a pressão vai além dos que estão em trabalho remoto. O banco é o único que realiza o pagamento do auxílio emergencial às pessoas atingidas pela crise sanitária. Os empregados estão na linha de frente e também precisam lidar com a cobrança e ainda ter “jogo de cintura” para enfrentar as filas.

Os impactos na saúde são muitos e, às vezes, devastadores. Os bancários estão mais ansiosos, estressados, cansados, desanimados e com problemas de concentração. A pressão mental também reflete no físico. Há registro de aumento de dores musculares e nas articulações. Ainda tem o medo de ser demitido ou de contrair a Covid-19.

Em muitos casos, se não tratado logo, o problema pode evoluir e terminar em depressão. Uma doença grave que precisa ser devidamente tratada. Segundo a pesquisa, as mulheres são as que mais sentem, já que precisam conciliar as relações familiares e domésticas com o trabalho, sobretudo se tiver filhos em idade escolar.



Redação AGECEF/BA