Nova gestão da Caixa prejudica o Nordeste

A Caixa reduziu a concessão de crédito para o Nordeste. Segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, apenas 10 cidades da região - seis na Bahia - tiveram empréstimos liberados e o valor não passou de R$ 89 milhões, de um total de R$ 4 bilhões autorizados para outros estados e municípios do país.

Os números são referentes ao período de janeiro a julho deste ano. Portanto, coincide com o início do governo de Jair Bolsonaro (PSL). Comparando com outros anos, os dados dão a entender que está havendo um certo boicote à região.

No ano passado, dos R$ 6 bilhões liberados pelo banco, R$ 1,3 bilhão foram para o Nordeste. O valor é equivalente a 21,6% do total. Em 2017, a instituição financeira contratou R$ 7 bilhões e R$ 1,3 bilhão foram direcionados a estados e municípios nordestinos.

De acordo com a reportagem, que afirma ter ouvido fontes do próprio banco, a ordem para não contratar operações para a região é do próprio presidente da Caixa, Pedro Guimarães, escolhido para ocupar o cargo por Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

A direção da empresa, no entanto, nega. Em nota diz que as contratações (novas concessões) apresentam "sazonalidade" e variação, "dependendo ainda do número de pleitos recebidos bem como da aprovação dos ritos anteriormente relacionados".

Nordeste aguarda

A matéria do jornal O Estado de S.Paulo revela que há uma fila grande de pedidos de empréstimos para o Nordeste, entre eles o da prefeitura de São Luís, no Maranhão, no valor de R$ 133 milhões e que teria sido feito no início do maio. Mas, a orientação é para não aprová-lo, mesmo com a documentação correta. Detalhe: um pedido igual, feito pela prefeitura de Florianópolis, no início de julho, foi liberado em menos de 10 dias.

Vale destacar que o presidente Jair Bolsonaro perdeu em todos os estados da região Nordeste, na eleição presidencial do ano passado. No mês passado, antes de um café da manhã com jornalistas e sem perceber que estava sendo gravado, Bolsonaro disse ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que daqueles "governadores de 'paraíba', o pior é o do Maranhão; tem que ter nada pra esse cara". O episódio foi mais um que marcou o já conhecido preconceito do presidente da República com a região.

Redação AGECEF/BA