Governo insiste no leilão da Lotex

Mesmo com arrecadação na casa dos R$ 6,5 bilhões somente no primeiro semestre deste ano, as Loterias Caixa podem ser privatizadas. O governo federal confirmou o leilão, que integra o Programa Nacional de Desestatização, para o dia 29 de novembro. É a segunda vez neste ano que o Executivo tenta vender as loterias. As empresas interessadas disputam um contrato de 15 anos.

Segundo edital publicado em 7 de novembro, o valor mínimo do leilão está estimado em R$ 542 milhões, com pagamento podendo ser parcelado em até quatro vezes. Ainda, segundo consta no documento, o valor estimado do contrato é de quase R$ 14,5 bilhões.

Tem mais, para completar, a Caixa não pode participar do processo, deixando claro que o objetivo do governo é fatiar e diminuir o principal banco público do país, abrindo caminho para outras medidas ainda piores, como a privatização da instituição financeira.

Não é só isso. Caso o leilão da Lotex realmente se concretize, o Brasil tem muito a perder, mais uma vez. Para se ter ideia, dos R$ 6,5 bilhões arrecadados pelas Loterias entre janeiro e junho, cerca de R$ 2,4 bilhões foram transferidos para programas sociais nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública e saúde, correspondendo a 37,6% do total.

E não para por aí. Entre 2011 e 2016, as loterias arrecadaram R$ 60 bilhões. Desse montante, R$ 27 bilhões foram de repasses sociais. Somente no ano passado, foram arrecadados quase R$ 14 bilhões, sendo R$ 6,44 bilhões transferidos, para programas com FIES, Fundo Nacional de Cultura e o Esporte Olímpico e Paraolímpico. Não precisa de muito para entender que se as loterias forem vendidas, o repasse vai reduzir drasticamente. Isso se não acabar, pois não interessa ao setor privado investir em políticas sociais.

Redação AGECEF/BA