Artigo

Em terra de CEGO quem tem um olho é REI

De Lucio Flavio*

Uma amiga me pediu que fizesse uma leitura dos RESULTADOS DO PRIMEIRO TIMESTRE DE 2018 DA FUNCEF.

Respondi que era uma tarefa árdua, visto que os relatórios, em especial as NOTAS EXPLICATIVAS, por serem obrigatórias só no encerramento do exercício, não estavam disponíveis e o que tínhamos era apenas os slides da apresentação realizada pela Diretoria, porém me senti desafiado com tal provocação que, aliás, teve início num grupo do Whatsapp do qual participamos.

Resolvi partir do que temos de informação, ou seja, aquilo que nos foi apresentado pela Diretoria da FUNCEF e selecionei apenas os dois slides que seguem e que servirão de base para nossa análise:

A rentabilidade dos investimentos no trimestre (3,01%) frente à meta atuarial (1,59%) do mesmo período, garantiram um SUPERÁVIT CONSOLIDADO de R$ 394 milhões.

Isso permitiu à Diretoria discursar no sentido de renovar e reforçar a crença dos incautos de que, em breve, cessarão os equacionamentos.

Pois bem, longe de querer desestimular os nossos valentes Diretores, vale lembrar que:

  • O valor que JÁ ESTÁ SENDO EQUACIONANDO por nós é de R$21,09 bilhões,

  • Existe um DÉFICIT TÉCNICO, ainda não equacionado, de mais R$6,57 bilhões.

  • É bastante improvável que mantenhamos, nos demais trimestres, a mesma rentabilidade do primeiro, posto que, o que “bombou”, foram os segmentos de RENDA VARIÁVEL (4,48%) e INVESTIMENTOS ESTRUTURADOS (6,51%), ambos alvo de críticas dos diretores eleitos, por serem, em boa parte, AVALIADOS A LAUDO.

  • Ainda que isso ocorresse, levaríamos, aproximadamente, 5 anos para cobrir apenas o 6,57 bilhões do DÉFICIT TÉCNICO.


  • Até aqui a análise levou em conta apenas a FUNCEF, porém em qualquer atividade econômica as boas práticas de gestão recomendam que se busque um “benchmark”, ou seja, UMA REFERÊNCIA onde possamos nos espelhar para melhorar.

    Neste sentido, optei pela PREVI que é o maior Fundo de Pensão do país. Abaixo, segue um COMPARATIVO entre os dois fundos, FUNCEF e PREVI, considerando os resultados do 1 Trimestre de 2018.



    O quadro acima nos permite algumas comparações SIMPLES, porém SIGNIFICATIVAS. Vamos a elas:

  • Os EMPRÉSTIMOS AOS PARTICIPANTES da PREVI são 30% mais baratos que os empréstimos feitos pela FUNCEF aos seus participantes.

  • A META ATUARIAL da PREVI, no período, é de 1,71%, enquanto na FUNCEF é de 1,59%, ou seja, a meta deles é MAIOR que a nossa, o que é um PARADOXO, visto que eles não estão sofrendo nenhum equacionamento e nós sim. Pergunto: quem deveria estar correndo atrás de MELHORES RESULTADOS?

  • A RENTABILIDADE TOTAL, no trimestre, do PLANO 1 (equivalente ao nosso REG/REPLAN) da PREVI foi de 5,54%, enquanto da FUNCEF foi de 3,01%, ou seja, o Plano 1 da PREVI rendeu 84% a mais que os planos da FUNCEF;

  • A RENDA FIXA na FUNCEF representa 59,23% da alocação dos recursos dos planos, enquanto na PREVI esse percentual é de 42,30%. Ainda assim, na PREVI, a RENDA FIXA rendeu 19% a mais que na FUNCEF;

  • INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS da PREVI renderam 94% a mais que os da FUNCEF;


  • Com tudo isso estamos preocupados porque a “nossa foto” não apareceu no site da FUNCEF, o que me leva a refletir: acham mesmo que nós todos somos cegos!!

    * Lúcio Flávio, Mestre em Desenvolvimento Local e Pós-graduado em Administração Financeira e Auditoria, Gestor da CAIXA e liderança atuante da FENAG

     

     

         

               
         

         
     
     

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